Ele é o cara!
Assalto em Dose Dupla escorrega ao misturar gêneros incompatíveis,
mas é salvo pelo carisma de Patrick Dempsey
A história de Assalto em Dose Dupla (Flypaper, 2011), que estreia nesta sexta-feira no país, é bastante inusitada: um homem neurótico (Patrick Dempsey) entra num banco para trocar dinheiro poucos minutos antes deste fechar. Vai diretamente ao caixa, onde paquera de modo comportado a atendente (papel de Ashley Judd).
Antes de sair, o local é invadido por um trio de criminosos profissionais e, na mesma hora, por uma dupla de assaltantes mais leiga impossível. Enquanto os cinco tentam encontrar uma saída para o aparente imprevisto, um policial é morto e o restante das pessoas presentes no lugar, feitas reféns.
No meio dessa ideia parte criativa, parte esquecida por Hollywood nos últimos anos, o diretor Rob Minkoff (de O Rei Leão e O Pequeno Stuart Little) se perde na oscilação de humores. O filme, embora despretensioso, é uma miscelânea de gêneros – muitos deles incompatíveis. E tal erro fica claro cada vez que uma das várias divertidas sequências é interrompida por assassinatos revelados por cenas pesadas.
O problema não está no roteiro, que foi escrito pelos dois roteiristas de Se Beber, Não Case! e é dono de boas sacadas. E sim na mistura inerte de tons que variam demais durante a curta duração do longa – algo em torno de 80 minutos de projeção.
Dempsey, fugindo do típico papel de galã, experimenta um novo personagem: um homem superinteligente, com problemas para se relacionar com o mundo exterior, e cheio de neuras. Calça o papel como uma luva, sem inibições. Já a sempre competente Ashley é mal aproveitada.
As atuações da dupla, assim como as do restante do elenco – com destaque para a impagável Octavia Spencer, no papel de uma refém histérica –, são também registro do cuidado de Minkoff na estruturação da obra. Sem contar com a cautela de manter o grande segredo até o desfecho – curioso, por sinal.
Feito com modestos 5 milhões de dólares, Assalto em Dose Dupla teve sessões limitadas nos EUA e rendeu pouco mais de um quinto de seu orçamento. Ao menos por aqui, deve encontrar seu público, já que o ator é benquisto. Só faltou constância ao filme. Dempsey, todavia, compensa esse pequeno lapso com elegância.